quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Anacrônismo e melodia.

Texto produzido em 26 de janeiro do ano passado, em um momento de profundo sei-lá-o-quê. Não tem absolutamente nada a ver com meu estado de espírito atual, mas eu gosto da sua melodia. Vejam por vocês:


Se desponta luz nova no céu, dizem eles:
é a aurora do amor puro que chega tardia!
Sorrio, mas por dentro suspiro, pena deles!
É o crepúsculo que anuncia uma frustração...
Não entendem! Tenho alma bêbada de poesia
Eles vêem meu sangue e pensam “vive!” (com paixão?)

Mas não! Ao vislumbrar a possibilidade
minh’alma sorriria riso limpo pelos prantos.
E logo, em busca dum sopro de liberdade,
como em todos os amores que jamais tive,
correria longe para chorar pelos cantos
rica de cantos pobres de alma a que cative.


Criei um novo blog - http://tematicamenteirrestrito.blogspot.com/ - que guardará mais textos de prosa. Aqui eu vou deixar espaço para as poesias que 'de vez em nunca' saem, ou algo diferente. :)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Otimismo.

Como ser amante do perfeito oposto de si mesmo? Como ser amado pelo negativo do espelho?


Juntos novamente. Um gole revigorante de tranqüilidade. O cheiro de maresia já estava ganhando um sentido todo particular. Ela aconchegou a cabeça em seu ombro.

“E se você não fosse me ver nunca mais...”

“Ah, não fala isso”. Ele reclamou, olhando-a melancolicamente.

“Vai, é só uma brincadeira”. Um riso sossegado tomou-lhe os lábios. “Se você não fosse me ver nunca mais, nem ficar perto de mim, nunca mais! Se eu simplesmente fosse embora... o que você me diria”?

Ele parou por alguns instantes. “Eu te pediria pra ficar”, ele riu, dando os ombros.

“E se eu não pudesse ficar, o que você diria?”

O silêncio pontuou alguns segundos. Ela apenas o observava.

“Eu iria atrás de você”.

Ela riu abertamente. Os olhos dele acompanharam seu sorriso. “Iria mesmo?”

Ele fechou os olhos e riu discretamente. “Iria sim”.

terça-feira, 31 de março de 2009

Sem rima, nem métrica, nem paciência

Uma prosa em versos sobre os anjos, não nós, que não amam

Talvez seja inocência esperar pleno amor.
Talvez anjos apenas amem, anjos do céu,
na pureza dos corações livres de desejo,
amem,
e no tédio da eterna contemplação,
amem.
Que paradoxo seria se esses anjos amassem
pois amor sem dor, sem prova, sem cor
Seria amor?
Se são prontos para amar, não amam.
E já que vão tão distantes, estes anjos,
meus olhos não tocam, minh’alma não os sente,
deleguemos a nós imperfeitos a ilusão do amor pleno.
E que se ame, não muito.
E que se ame, não pouco.
Apenas nos amemos.
Tentemos.



Supõe-se que doa, supõe-se que machuque? Ou é apenas mais um capricho do ego humano, lutando por um lugar de status e de sofrimento, meramente acima da irrelevância?
Deve doer? E se não doer, devo sofrer?
E se não sofrer, o que deve ser?

Pessimism is back. Nietzsche não gostaria nada, nada de mim. É a hora avançada, só pode ser. Achei que as coisas estavam mais ou menos equilibradas, vá lá.

domingo, 29 de março de 2009

Apresentar-se, sorrir, woo.

Amor, eu chorei.
No seu sentido lato
ou no meu sentido estrito?

Amor à dor, relutei,
pois nas duras penas do fato
de que sangue hei-me embebido?


Como são os anjos famintos por atenção, pseudo-altruístas doentes, afetivamente dependentes, loucos, loucos varridos, falemos dos anjos.
Que anjos?
Strictu senso, strictu, estrito.